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#21 - Por que o Nível do debate público Brasileiro beira a animalidade?
Acredite se quiser, as bizarrices que vemos nas redes sociais e no debate público NÃO refletem a decadência da sociedade. Pelo contrário, refletem o nosso progresso. Como assim? CALMA... Leia até o fim e você não se arrependerá.
Muito boa noite a todos! Sem sombra de dúvidas, o assunto mais comentado dos últimos dias no Brasil foi: A Cadeirada que o apresentador Datena deu no empresário Pablo Marçal no meio do debate político da TV Cultura.
Isso sem dúvidas foi histórico para um debate destas proporções, mas além de obviamente denotar candidatos completamente incivilizados e carentes de autocontrole, simboliza acima de tudo, que pela primeira vez, estamos conhecendo o verdadeiro Brasil. Como assim?
1. Uma análise sobre os últimos debates.
É visível que com a ascensão das redes sociais houve um enorme enfraquecimento da antiga hegemonia política no Brasil — Que, vezes eram sustentada através de esquemas de compra de votos, financiamento de grandes empresários, ou a própria manipulação midiática — entretanto, com a internet…
Algo significativo ocorreu: Uma democratização da informação tomou conta de nossas vidas, e, com isso, mudou de vez os debates políticos.
Políticos, que antes operavam de forma distante e intermediada pela mídia tradicional, passaram a falar diretamente ao povo. E o povo, por sua vez, adquiriu um novo protagonismo.
A internet deu voz a milhões de brasileiros que antes eram silenciados ou cujas opiniões eram manipuladas por um pequeno grupo de poder.
Hoje a população se informa, debate e participa de maneira ativa no processo eleitoral e das questões sociais.
No entanto, essa nova liberdade de expressão, embora tenha aberto espaço para diálogos mais amplos, também expôs uma crise profunda: O nível do debate público.
Engana-se quem acredita que antes era melhor, na verdade… Antes era apenas uma "Falsidade ensaiada", hoje, os políticos entenderam que precisam dialogar com a população.
E ao ter que dialogar com a população, percebemos portanto que… Nós somos uma população extremamente incivilizada, e portanto, será eleito aquele que agradar mais a população.
E daí, surgem as figuras que temos hoje, surge o teatro que temos hoje. Surge o nível animalesco de debate que temos hoje.
2. O Paradoxo do progresso: Estamos regredindo ou evoluindo?
E isso, pode até nos fazer acreditar que diante de um mundo abarrotado de tecnologia, informação e conhecimento, ainda sim estamos "regredindo"...
Mas, na verdade, a questão é que o progresso humano não segue uma linha reta.
A história nos mostra que avançamos em certos campos enquanto, simultaneamente, "retrocedemos" em outros.
Em áreas como ciência e tecnologia, os saltos são evidentes:
A Nossa capacidade de transformar o mundo material ao nosso redor, de nos conectarmos e adquirirmos novos conhecimentos nunca foi tão grande.
No entanto, em aspectos sociais, morais e éticos, o progresso é mais lento e, muitas vezes, dá a impressão de estar em retrocesso.
Isso se deve, em parte, ao fato de que o verdadeiro avanço não se resume apenas à criação de novas ferramentas ou à aquisição de mais dados, mas na maneira como integramos esse conhecimento ao nosso desenvolvimento humano e emocional.
E é exatamente onde nos encontramos em um ponto de tensão: A tecnologia avança rápido demais, enquanto o nosso amadurecimento como indivíduos e como sociedade ainda está tropeçando em antigas fraquezas — egoísmo, intolerância, vícios, ganancia, etc.
E por vivermos em um mundo cada vez mais tecnológico e mercantilista, alguns fatores humanos vão sendo cada vez mais negligenciados - A Criação e a educação dos nossos filhos, que gera efeitos graves, por exemplo…
O excesso de telas, o excesso de dopamina rápida e a substituição de educação por escolarização são apenas alguns dos grandes exemplos.
Em um mundo onde tudo se resume a matéria, ao utilitarismo, e o sentido aparenta habitar nisso, o resultado é uma gigantesca deformação moral e espiritual das pessoas
Deformação moral e espiritual: Em um sentido aristotélico, é um desvio do caminho para o telos — o propósito final ou o objetivo supremo do ser humano, que Aristóteles identificava com a eudaimonia, ou a verdadeira felicidade e realização.
Essa deformação ocorre quando deixamos de cultivar as virtudes necessárias para alcançar a plena realização da nossa natureza racional e ética, desviando-nos para os vícios, que são excessos ou deficiências das qualidades morais.
Agora, imagine que…
Grande parte das pessoas que residem no Brasil, tiveram histórias conturbadas, famílias desestruturadas, pouco acesso à cultura, pouco acesso ou às vezes nenhum acesso a verdadeira educação, e tendo uma péssima escolarização ao longo de sua vida.
O que esperar disso? Infelizmente, um resultado catastrófico…
E é exatamente isso que está acontecendo… Estamos conhecendo o verdadeiro Brasil.
O Brasil é isso, um povo que infelizmente não teve a oportunidade de ter uma EDUCAÇÃO de verdade (sequer uma escolarização digna).
A Educação do Brasileiro (Aquela que forma o caráter, as virtudes e desenvolve a sua individualidade), é completamente baseada em uma mera e simples convenção social.
A nossa educação é completamente baseada em normas sociais impostas e reproduzidas sem uma reflexão ou entendimento profundo. (O Famoso: "Por que é assim? Porque sim!" )
3. É por isso que o nosso país é tão subdesenvolvido.
Acredite, o grande problema do Brasil não está ligado a tecnologia, a dinheiro ou a profissionalismo (É claro que isso é um problema também). Mas inegavelmente o nosso estado tem muito dinheiro, temos empresas gigantes, grandes metrópoles, temos grandes profissionais, entretanto…
Temos uma criminalidade absurda, uma extrema corrupção, um alto indíce de violência, vício, desestruturação familiar, etc, etc, etc.
Ou seja, estamos quebrados humanamente. O nosso subdesenvolvimento é HUMANO.
E os nossos debates políticos, só refletem a incivilidade do nosso próprio povo. Só denota o quanto o povo gosta da barbárie, da polêmica e do baixo nível.
E os políticos, por outro lado, sabem que é esse o nível de comunicação que deve ser trabalhado para ganhar uma eleição.
É por isso, que as ideologias tomaram conta do debate público…
Pois todo mundo pensa em caixinha, ninguém entende de fato o que está defendendo, e nem o que está acontecendo.
E isso nos leva a um debate animalesco, onde os instintos mais primitivos prevalecem sobre o raciocínio, a empatia e o respeito mútuo.
4. Onde está a nossa salvação?
Não caia na ilusão de acreditar que existe um "salvador da pátria." Por mais paradoxal que pareça, o grande problema do Brasil não é meramente financeiro ou material, mas cultural e educacional, profundamente enraizado em nossa identidade coletiva.
Imagine uma plantação cujas colheitas são frustrantes, e a suposição comum é de que o problema reside nas próprias plantações.
No entanto, a raiz do problema está no solo — invisível a olho nu, mas absolutamente essencial. Da mesma forma, o solo da nossa sociedade está contaminado, e este solo é a formação moral e espiritual do povo.
A metáfora do solo e das plantações
Se o solo de um terreno está infértil, cheio de pedras ou poluído, nada de valor pode crescer sobre ele. Não importa o quanto se invista em tecnologia agrícola ou em métodos avançados de cultivo, os resultados serão sempre decepcionantes. O solo é a base de tudo, e, sem uma fundação sólida, qualquer esforço se torna em vão.
Em uma analogia direta, nossa formação moral e espiritual é como esse solo. Se a base ética e espiritual está comprometida, toda a estrutura de nossa sociedade — seja na educação, na política ou na economia — também estará comprometida.
O desenvolvimento profissional e pessoal que tanto buscamos é como as plantas ou edifícios que erguemos sobre esse terreno. Você pode aplicar as técnicas mais avançadas de construção ou cultivo, mas sem uma base moral sólida, qualquer estrutura, por mais grandiosa que pareça, será instável e fadada ao fracasso.
Portanto, a nossa salvação está em reconhecermos que somos "Seres animalescos", e começarmos a encarar isso como um verdadeiro problema a ser resolvido, começarmos a trabalharmos em nossa civilidade.
Pois dai advém todas as nossas grandes riquezas verdadeiras. Daí advém bons relacionamentos, advém a paz, a felicidade, o sentido, e a prosperidade.
Pois essa é a essência Humana. E no fundo, é isso que buscamos.
Mas o grande desafio está em entender: Como evoluir nestes sentidos em uma sociedade completamente selvagem e bestializada?
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P.s: Nas últimas semanas, nossos servidores enfrentaram problemas que afetaram a renderização das imagens, por isso não postamos na quarta-feira. Esta semana, tudo voltou ao normal. Como já havíamos postado no domingo, decidimos publicar hoje para manter um espaçamento entre as edições. Na próxima semana, voltamos ao cronograma habitual!