#25 - Democracia - Isso realmente funciona?

Hoje, vamos explorar algo polêmico, mas extremamente importante - O quão a democracia pode de fato, impactar a sua vida? E será que temos salvação?

P.S: Essa edição era para ter saído ontem, no dia das eleições, por razões técnicas não conseguimos postar com êxito. Mas, agora está tudo certo, e a edição está quentinha!

Ontem, milhões de brasileiros saíram de suas residências para votar em seus candidatos a prefeito no segundo turno das eleições de 2024, prezando por um futuro melhor. Mas, afinal, é possível de fato melhorarmos essa nação através da democracia?

Muitos, nesta altura do campeonato, estão decepcionados por mais quatro anos de uma péssima gestão, outros pela oposição ter ganhado, e outros estão felizes por seu candidato ter sido reeleito.

Esse é o famoso "show da democracia".

Mas, afinal... O que de fato é a democracia?

1. Um sistema naturalmente corrompido.

Há algumas semanas, fizemos uma edição explicando de forma bem profunda o por que a democracia tende ao fracasso e mantém massas na pobreza e miséria. Em resumo, ela é mantida pela exploração do "homem medíocre" — mas é importante que você leia a edição para entender essa questão de forma mais aprofundada.

  • No entanto, partindo da tese que funda a democracia, isto é: ganha aquele que é mais popular e atende os desejos da massa. Precisamos, portanto, compreender uma única questão:

  • Qual é o grande desejo da massa e por que ela deseja o que deseja?

O Desejo - Precisamos, portanto, deixar claro que o desejo é algo inerente ao ser humano. Estamos sempre desejando, mas o grande problema não é exatamente desejar, e sim se deixar levar pelos desejos e desordenar sua racionalidade por conta disso.

Isso ocorre porque o desejo é fruto do que inconscientemente falta em nós e em nossa alma — o que Sêneca chamaria de "inquietude da alma". O desejo em excesso é fruto da desordem racional do ser humano.

A inquietude da alma, como nos descreveu Sêneca, reflete uma condição em que o ser humano está em constante busca por algo que o complete, mas sem jamais encontrar verdadeira satisfação.

Segundo ele, essa inquietude é o que torna o homem refém de si mesmo, sempre desejando algo externo, material ou fugaz para tentar preencher um vazio interno que, na realidade, só poderia ser apaziguado por uma compreensão mais profunda de si mesmo e pelo equilíbrio entre o material e o espiritual.

  • Mas, sabendo que o homem médio desconhece a si mesmo profundamente, acabamos por construir uma sociedade cada vez mais regida pelas orientações carnais e materiais.

No entanto, para quem produz, isso é ótimo. Pois gera muito consumo, visto que as coisas que mais vendem no mercado não são elementos que exigem reflexão ou esforço. Mas sim, artigos relacionados a questões primitivas.

Disso, surge um mercado cada vez mais aquecido e lucrativo, baseado em fomentar o consumo e a satisfação demasiada.

2. Um ciclo gigantesco de propagação do efêmero e superficial.

A partir disso, podemos constatar, portanto, o que Theodor Adorno e Max Horkheimer chamavam de a indústria da cultura.

Uma indústria que é criada e retroalimentada para atender essa necessidade latente da sociedade: a necessidade de satisfazer e saciar seus desejos carnais e materiais.

Assim, toda a cultura é construída com base neste ideal maior: Onde o que verdadeiramente importa é a satisfação imediata dos desejos através da materialidade.

Tá… Mas o que isso tem a ver com política?

A resposta? TUDO.

A política, por si só, nada produz. Ela está ali para atender os interesses daqueles que consomem e daqueles que produzem, guiando, através de leis e políticas públicas, a sociedade para o bem-estar.

E por isso, um político que vai contra isso não se mantém no poder.

3. A culpa é de quem?

Neste ponto, muitos podem estar dizendo que o problema é o capitalismo, e outros que o problema é o socialismo... Mas sentimos em informar que: esse pensamento ideológico é extremamente raso e pobre.

A razão disso é que um sistema econômico não dita necessariamente o comportamento; na verdade, é o comportamento que dita o sistema econômico.

E, acima de tudo, o comportamento é um fenômeno cultural, social e psicológico profundo.

  • É importante lembrar, portanto, que as ideologias políticas, como as conhecemos hoje, nasceram há pouco tempo (em relação a toda a história da sociedade e da política).

Ou seja, beira o ridículo acreditar que essas meras ideologias poderão "resolver" o problema real.

  1. A grande verdade é que o verdadeiro culpado está relacionado aos nossos valores internos da sociedade.

  2. Toda a decadência, desigualdade, apatia, pobreza, etc., são reflexos de uma sociedade que não se importa verdadeiramente com isso, de pessoas extremamente individualistas, de pessoas "corrompidas".

Perceba, portanto, que o problema não é abstrato, mas sim factível. Não está relacionado a uma estrutura abstrata, mas sim ao comportamento da sociedade em si.

E não será um político específico que mudará isso.

4. O verdadeiro culpado pela decadência de uma sociedade.

Pois, na verdade, o verdadeiro culpado da decadência de uma sociedade está relacionado ao horizonte existencial.

Isto é: algo muito mais profundo do que a mera questão material.

  • Durante toda a história da humanidade, em seus diferentes sistemas econômicos, sociais e formas de governo, há algo comum, que transcende as diferenças culturais, sociais e governamentais.

Esse algo comum é a forma como uma sociedade entra em uma espiral de decadência.

Seja durante o Império Romano, seja no Brasil, nos dias modernos…

Os verdadeiros culpados para a decadência dessas sociedades não são a democracia, a política ou o mercado, etc. Pelo contrário, tudo isso é reflexo de nossa "pobreza espiritual".

Isso ocorre porque quando temos uma massa de pessoas sem uma compreensão clara do que realmente satisfaz a alma humana…

(Ou seja — um sentido de pertencimento, propósito, desenvolvimento pessoal e harmonia.)

Tanto governantes quanto cidadãos ficam vulneráveis a viver em busca de alívios momentâneos e superficiais.

E assim, toda a estrutura social vai se degradando em suas camadas mais profundas. Podemos ver isso com o exemplo de Roma.

  1. Em Roma, a proliferação de uma cultura cada vez mais consumista e hedonista, levou a sociedade à um espiral de libertinagem e desordem.

Dessa forma, as instituições foram corrompidas, gerando barbárie entre os homens e, por fim, levando ao colapso econômico.

No entanto… Não se desanime, nada está verdadeiramente perdido.

5. Ainda há esperança?

Nós não temos dúvidas de que sim... Existe esperança!

A política, o mercado e a sociedade em si são influenciados a longo prazo, através de influências coordenadas e orgânicas.

E nos últimos anos, vemos uma crescente onda, principalmente nas redes sociais, relacionada a uma busca pela verdadeira melhoria interior, por sentido além da mera materialidade, pelo enriquecimento cultural, etc.

  1. Essa busca genuína pela verdadeira riqueza, é fundamental para saírmos desse mar de pobreza existencial.

  2. Entretanto, tudo isso precisa nascer primeiro para que o mercado e a política se adaptem a essas tendências.

A única forma de construir isso começa através de cada um de nós.

É por isso que o nosso símbolo é a borboleta, pois tudo é um grande efeito borboleta.

Há quatro anos, a @intelectualcurioso nascia, com pouquíssimos seguidores e praticamente nenhum leitor. Hoje, somamos mais de 300 mil pessoas e milhões de visualizações todos os meses.

Há esperança. Mas tudo começa na busca genuína de cada um de nós pela construção de uma vida verdadeiramente superior, de excelência e virtude.

E falando nisso...

Como havíamos prometido, estamos nos preparando para oficialmente entrar no YouTube e produzir conteúdos em outros formatos, incluindo um programa de estudos que estamos preparando (literalmente, há dois anos).

Mass, traremos mais informações para vocês durante os próximos dias. Desde já, desejamos uma ótima semana a todos e uma excelente noite. 🦋

Referências de leituras:

  1. "A Dialética do Esclarecimento" – Theodor Adorno e Max Horkheimer

  2. "Cartas a Lucílio" – Sêneca.

  3. "O Mal-estar na Civilização" – Sigmund Freud

  4. "História da Decadência e Queda do Império Romano" – Edward Gibbon

  5. "O Declínio do Ocidente" – Oswald Spengler