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#26 - Donald Trump - O que ele impacta na sua vida?

Hoje, vamos fazer um Overview completo sobre duas grandes questões: a eleição de Donald Trump e a crise global que afeta todos nós (e por que estamos vivendo em tempos de crise). Então... recomendamos fortemente que você leia até o final, pois vai valer a pena.

Nos últimos dias, só se falou de uma coisa: as eleições americanas. Afinal, grande parte do mundo passa por uma gigantesca crise diplomática, moral e social, e uma das principais figuras por trás disso se chama Estados Unidos.

1. EUA - O Protagonista de uma História Complexa.

Ainda hoje, os Estados Unidos são considerados a maior potência do mundo. Símbolo do capitalismo moderno, os EUA desempenharam um papel significativo para o mundo que temos hoje, principalmente por um grande fator: Exportação de cultura.

  • Isso significa exportar um modelo de comportamento (calma, já vamos explicar o porquê de estarmos falando disso; siga o raciocínio). Com base nesse modelo de comportamento social, as sociedades foram se desenvolvendo e crescendo.

Entretanto, com o tempo, a “ordem e a cultura social” dos EUA se provaram uma fachada e superficialidade. Como assim?

  1. Já diria Max Weber… Desde sua fundação, os EUA foram fortemente influenciados por uma ética protestante e pela ideia de individualismo. Isso significa que: O sucesso pessoal e o esforço próprio estão no cerne do “sonho americano”.

  2. E portanto, com o tempo, esse individualismo evoluiu, tomando uma forma mais competitiva e materialista, onde a realização individual começou a ser medida pelos bens e pela ascensão econômica.

De acordo com Guy Debord, isso é uma peça fundamental para o fomento de uma cultura hiperconsumista e cada vez mais idealizada, gerando uma sociedade que supervaloriza questões estéticas, materiais, etc. (Eis a sociedade do Espetáculo).

  • A máquina midiática americana, que já havia consolidado a ideia de que o consumo é sinônimo de felicidade, encontrou nas redes sociais uma extensão ainda mais poderosa.

E com isso, ideais de beleza, riqueza e estilo de vida são compartilhados em tempo real, criando uma pressão social que não apenas incentiva o consumo, mas praticamente o exige.

E socialmente, isso teve efeitos alarmantes: uma gigantesca onda de “problemas psíquicos e morais” começou a surgir.

2. Uma Sociedade “Espiritualmente” Doente.

Séries como The Boys retratam um pouco do que estamos querendo dizer aqui… Uma sociedade onde uns acreditam em uma coisa, outros em outra, mas no fundo todos estão profundamente doentes e perdidos.

Essa doença interna se reflete na sociedade através do consumo exacerbado, da busca incansável por poder, da falta de sentido (vazio existencial), da ansiedade, do cansaço constante, etc.

  • Reflete-se também na relativização daquilo que é certo e errado, do que é justo ou injusto, do que é verdade ou mentira. No fim, reflete-se no questionamento da própria identidade.

Afinal, uma sociedade sem propósito claro, voltada apenas para o consumo e os prazeres efêmeros, produz indivíduos alienados e insatisfeitos. (Eis o que Viktor Frankl nos ensinou há décadas).

E acredite… de uma forma ou de outra, todos nós somos afetados por isso, quer queiramos ou não.

O fato relevante aqui é que a importação da cultura dos EUA trouxe para nós, brasileiros, as mesmas consequências sociais. Vemos aqui os mesmíssimos problemas, desejos e medos.

Entretanto, de uma forma um pouco diferente, pois o Brasil é significativamente distinto dos EUA em diversos aspectos, como economia, cultura e história.

Mas o cerne da questão é visível aqui: a profunda crise de identidade social.

A busca por resgatar o patriotismo, os “valores”, o conservadorismo, são reflexos de duas sociedades que percebem que algo está errado, mas não sabem diagnosticar exatamente onde está o problema.

E, disso, em última instância, surgem heróis que prometem solucionar esse problema.

3. A Figura de Donald Trump

Com uma postura protecionista e rígida, Trump é o reflexo do desejo da maioria dos americanos de “reverter a situação” e voltar a ser um “país grande e decente”.

Entretanto… Trump não é lá um ótimo exemplo de “moralidade”. Mas ele é um bom representante do eleitor médio americano, assim como Kamala Harris é um reflexo de um clássico eleitor progressista americano.

  • A questão aqui é: Donald Trump hoje é o representante dos americanos e, portanto, reflete o mais profundo desejo americano de estar no topo a qualquer custo. (Eis o America First).

E buscarão alcançar isso através de políticas protecionistas e nacionalistas, a fim de reconstruir um protagonismo global e fortalecer a identidade nacional.

Trump se apresenta como a personificação de uma América que busca reafirmar seu lugar no mundo, erguendo barreiras econômicas e sociais que foram, aos olhos de muitos, diluídas com o tempo. Essa abordagem, marcada por um nacionalismo robusto e pela defesa da soberania econômica, visa recuperar o orgulho e a força que outrora caracterizaram a nação.

Mas o protecionismo e o isolacionismo têm suas consequências.

Ao adotar essa postura, os EUA podem se distanciar de aliados e parceiros globais, criando uma tensão diplomática que afeta diretamente a estabilidade mundial.

Enfim… a partir daqui, somente o tempo nos dirá.

4. Mas, e o que eu tenho a ver com isso?

Pois é… A grande conclusão que podemos tirar desta análise é que: o Brasil, apesar de ter importado boa parte da cultura dos EUA, não é os Estados Unidos.

  • E sem sombra de dúvidas, se fossemos interpretar as Ideias de Nelson Rodrigues, “somos um país de dois mil anos de uma civilização, mas com uma mentalidade de caipira.”

Isso é: Apesar de termos herdado um gigantesco arcabouço cultural de outras nações, somos um país subdesenvolvido, que está ali…

Como um “caipira” que não entende de muitas coisas além de memes e conversas de bar, vendendo alimentos para o mundo todo e tentando ser um bom amigo da vizinhança.

Mas, que, em contrapartida, sofre com efeitos culturais da influência de outras nações.

E, portanto… A verdadeira lição que podemos levar para casa disso tudo é: não sejamos meros “caipiras” neste jogo.

Busquemos não nos iludir com as falsas “promessas de dinheiro, poder e felicidade infinita” que nos venderam, e busquemos construir uma sociedade que não atende aos extremos. Que, acima de tudo, tem cultura e mentalidade própria.

É isso que nos levará para frente. E com certeza, tudo isso começa através da nossa própria melhoria, no nosso enriquecimento interno.

É isso… até a próxima edição.

Referências de leituras.

  1. "Em Busca de Sentido" - Viktor Frankl.

  2. "O Declínio do Ocidente" - Oswald Spengler.

  3. "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" - Max Weber.

  4. "A Vida Como Ela É" - Nelson Rodrigues.

  5. "A Sociedade do Espetáculo" - Guy Debord.