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Por que cada vez mais coisas fúteis e superficiais viralizam?

Muito além do Viralismo das coisas mais absurdas que vemos diariamente, hoje iremos explorar o cerne da questão: Como tudo isso é reflexo de "Almas fragmentadas".

Nos últimos dias um assunto dominou a internet e a TV nacional… Uma moça não quis ceder o seu lugar na janela para uma criança no avião, e sim: Isso foi o assunto mais comentado da semana no Brasil.

Mas, muito além de falarmos sobre essa mera questão, hoje queremos falar sobre: Como isso e semelhantes são reflexos diretos de uma coisa chamada: Viralismo.

1. Viralismo - Um sintoma.

Não é a primeira vez que um caso banal domina o debate público no Brasil, repercutindo em todas as manchetes nas redes sociais, sendo debatido em jornais e comentado em cada esquina, pelo contrário…

  • Pelo contrário… Está cada vez mais comum questões completamente banais e absurdas serem tratadas com tamanha relevância.

E isso é um sintoma de uma doença que pouquíssimos conseguem diagnosticar…

  1. Essa perda da Privacidade, a mercantilização de absolutamente tudo, desde relações sociais, até situações cotidianas é uma prova do que Guy Debord descreve como a sociedade do Espetáculo - Onde tudo deve ser exposto, transformado em conteúdo e por fim monetizado.

Isso tudo, pois o inconsciente coletivo da civilização moderna, cada vez mais clama por: Mais informações a todos os instantes, mais choques, mais novidades.

Mais, mais e mais.

“Preferimos isso, do que enfrentar o “Tédio”, o silêncio e a introspecção.”

O nosso entendimento sobre felicidade, está aos poucos sendo ressignificado. De paz, para a Caoticidade.

A cada nova manchete, a cada caso viral, nos tornamos menos capazes de discernir o que é verdadeiramente relevante. 

2. As Revoltas de fachada.

É inegável que vemos casos bizarros, praticamente todos os dias no Brasil.

E esses casos frequentemente viralizam, sendo ainda mais potencializados por nossas indignações passageiras acerca dos absurdos que vemos.

Entretanto, essas indignações e reflexões existenciais, são marcadas por simples e meras reações instantâneas. 

Isso porque, no fundo, as pessoas não estão preocupadas com o elemento central do que foi viralizado, pelo contrário…

“Essas reações, frequentemente não refletem uma moralidade genuína, mas uma indignação superficial e de fachada, impulsionada por fatores como choque, espetáculo e desejo de pertencimento.”

Essas reações não surgem de um ordenamento moral profundo, mas sim de uma resposta emocional instintiva.

  1. Assim que o impacto inicial passa, a questão é descartada, sem gerar mudanças ou reflexões genuínas.

  2. Ou seja, a moralidade humana está tão degradada, que está reduzida a respostas instintivas, em vez de valores transcendentes e sólidos.

  3. O ser humano, degradado, reage como um animal que busca sobrevivência, ao invés de como um ser que busca significado e ordem.

E esses choques, só acontecem pois a sociedade moderna ainda carrega traços dos valores que moldaram a civilização ao longo de séculos.

No entanto, sem conexão com sua essência, esses valores são vividos de maneira incoerente e fragmentada.

E portanto, Indignar-se contra um tabu extremo é uma maneira de aliviar a culpa coletiva e reafirmar, mesmo que superficialmente, que "ainda temos limites."

Entretanto, isso na verdade é uma grande hipocrisia. 

Visto que na realidade essa indignação moral não tem profundidade. Não está enraizada em valores sólidos ou em uma busca genuína por mudança.

Pelo contrário, é uma reação condicionada, que serve mais como uma válvula de escape emocional do que como um catalisador para mudanças reais.

3. Vazio e superficialidade - A Doença.

No fim das contas, o viralismo não é apenas um fenômeno isolado ou um reflexo das redes sociais. Ele é, na verdade, um sintoma de algo muito mais profundo:

O vazio existencial que caracteriza a sociedade contemporânea.

Vivemos em uma era onde a superficialidade substituiu a profundidade, e o espetáculo tomou o lugar do significado.

O desejo constante por distração — seja na forma de notícias banais, escândalos efêmeros ou casos virais — é um reflexo direto de almas profundamente caóticas e desordenadas, que são incapazes de lidar consigo mesmas, e por isso, precisam constantemente recorrer a anestésicos.

  • E assim como Guy Debord alertava sobre tudo se tornar mercadoria na sociedade do espetáculo, acredite… Hoje suas próprias emoções são mercadorias.

  • Pois assim como consumimos bens materiais, agora consumimos emoções — indignação, empatia artificial, raiva e choque.

E esses sentimentos são temporários e descartáveis, perpetuando assim um ciclo infinito de superficialidade e vacuidade.

E para tanto… A ÚNICA forma de escapar disso, é construir uma vida significativa, e buscar investir não em mera matéria, mas sim em algo que transcenda o efêmero:

A construção de uma vida superior.

Investir naquilo que tem valor intrínseco, como o autoconhecimento, o fortalecimento de virtudes e o “enriquecimento da alma”, é a única saída para romper o ciclo vicioso da superficialidade moderna.

4. É necessário superar a "Vida Inferior" .

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E veja bem, não estamos falando meramente de mudar hábitos, ativar uma "nova mentalidade", organizar rotina, ou qualquer técnica superficial e imediatista do tipo.

Isso, embora útil em algum grau, não toca na raiz do problema.

O que estamos dizendo aqui é muito mais profundo. Estamos falando de uma transformação essencial.

  • A construção de uma vida superior exige um reposicionamento radical das nossas prioridades, valores internos e da forma como enxergamos a nós mesmos e ao mundo.

Não se trata apenas de rejeitar o viralismo ou os estímulos fugazes que dominam as redes sociais; trata-se de redescobrir o que significa viver com profundidade, com propósito e em consonância com valores transcendentes.

Essa transformação não é uma mera fuga do caos ou da vacuidade da vida moderna. Ela é, antes de tudo, uma jornada em direção à excelência.

Aristóteles chamava isso de Spoudaios, o homem que vive na prática constante da excelência, aquele que alinha corpo, mente e alma em direção ao bem maior, à plenitude de sua humanidade.

Viver uma vida superior é, em última instância, um ato de liberdade. Liberdade de não ser manipulado pelo espetáculo.

  1. Liberdade de escapar do ciclo de indignações passageiras e de conexões vazias.

  2. Liberdade de construir uma existência enraizada no que Platão chamaria de “Ideais Eternos” - A Beleza, Verdade e a Bondade.

No entanto, alcançar essa liberdade e essa profundidade é um desafio que exige reflexão, transformação e compromisso.

É de fato, uma jornada complexa, mas fundamentalmente essencial, e que deixaremos para dissertar mais sobre, em breve no Youtube, e em nosso Clube de assinantes.

Por enquanto… Pedimos apenas que vocês aguardem mais um pouco, estamos trazendo muitas coisas novas, e não temos dúvidas que essas coisas serão fundamentais para o seu progresso e autoconhecimento em 2025!

Até a próxima edição!

Referências:

  1. Carl Jung - O Homem e Seus Símbolos

  2. Platão - A República

  3. Friedrich Nietzsche - Assim Falava Zaratustra

  4. Zygmunt Bauman - Vida Líquida

  5. Hannah Arendt - A Condição Humana